Atendimento humanizado e escuta qualificada são temas de capacitação na Casa da Mulher Brasileira – CGNotícias
Servidores das forças de segurança de Campo Grande recebem capacitação com temas sobre atendimento humanizado e escuta qualificada nesta quinta-feira (15), das 8h às 17h, no auditório da Casa da Mulher Brasileira.
A ação conta com o apoio da Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Executiva da Mulher, e tem como objetivo fortalecer e qualificar o atendimento às mulheres em situação de violência. A proposta é aprimorar o desempenho dos profissionais que atuam diretamente na rede de proteção.
A secretária executiva da Mulher, Angélica Fontanari, enfatiza que o objetivo é aprimorar o atendimento humanizado e acolhedor às mulheres vítimas de violência. Esta é a segunda capacitação do semestre, e outras estão previstas ao longo do ano.
“Embora esses profissionais já saiam capacitados das academias de polícia, o objetivo desta formação é aprofundar ainda mais o preparo para o atendimento às vítimas de violência. Nossas vítimas têm particularidades e exigem um olhar diferenciado – um olhar mais empático e acolhedor”, destaca a secretária.
A programação do dia inclui palestras com profissionais da área psicossocial e uma conversa, no período da tarde, com chefias das instituições que compõem a Casa, para discutir competências e casos práticos.
“Será uma roda de conversa com os policiais, na qual vamos explicar as competências de cada instituição, discutir casos práticos e abrir espaço para perguntas. A ideia é trabalhar a atuação na prática, porque a teoria todos já conhecem — agora é o momento de aplicar esse conhecimento no cotidiano do atendimento. Nosso objetivo é justamente esse: garantir que todos os órgãos da Casa conversem entre si e atuem com um propósito comum, que é o acolhimento e a proteção da mulher”, explica.
Capacitar para Qualificar
Com o tema “Capacitar para Qualificar o Desempenho”, a capacitação é direcionada a 74 participantes: 42 servidores da Polícia Militar, do Programa Mulher Segura (Promuse), e 32 agentes da Guarda Civil Metropolitana, integrantes da equipe da Patrulha Maria da Penha.
A professora e mestre Rafaela Maia Gomes, cuja formação inicial é em Serviço Social, iniciou o ciclo de palestras com um tema fundamental: o atendimento humanizado.
A proposta da palestra é provocar uma reflexão conjunta sobre a importância de oferecer um atendimento verdadeiramente humanizado, especialmente para as mulheres que procuram a CMB. “Atender de forma humanizada é acolher sem julgamentos, é se despir de preconceitos. Isso faz toda a diferença na vida dessas mulheres, que muitas vezes chegam à Casa da Mulher Brasileira emocionalmente fragilizadas”, diz.
O objetivo é que essas mulheres se sintam verdadeiramente acolhidas e confortáveis para contar suas histórias. “Nós, como profissionais, somos a parte técnica, a cabeça pensante. E precisamos sempre nos perguntar: que tipo de atendimento queremos oferecer? Como gostaríamos que nossas mães ou filhas fossem atendidas? A chave do atendimento humanizado é a empatia — e é exatamente isso que queremos reforçar hoje.”
A psicóloga e coordenadora da Divisão de Formação em Direitos Humanos das Mulheres, Márcia Paulino, palestrou sobre escuta qualificada. Ela destaca que o tema é de extrema importância, pois tanto a Patrulha Maria da Penha quanto o Promuse, compostos por servidores da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar, atuam diretamente no atendimento a mulheres em situação de violência que possuem medidas protetivas. Essas equipes acompanham e fiscalizam o cumprimento dessas medidas.
“Vamos discutir como realizar essa abordagem de forma adequada, as melhores formas de acolhimento e, principalmente, como escutar essas mulheres de maneira qualificada, considerando a complexidade da violência doméstica e familiar. Esse tipo de crime envolve mais do que a simples violação da lei — envolve vínculos afetivos, relações familiares e diversos fatores emocionais.”
A psicóloga explica ainda que não se trata de uma vítima de um crime comum. “É uma mulher que, além da violência sofrida, carrega um histórico emocional, afetivo e social que precisa ser compreendido. Por isso, nosso objetivo é sensibilizar os profissionais para a importância de uma escuta diferenciada.”
“Geralmente, essa mulher chega fragilizada, amedrontada, vulnerável. E é essa complexidade que queremos abordar, reforçando a necessidade de um atendimento mais humano, cuidadoso e consciente.”
A tenente da PM, Jéssica Pereira Gomes, responsável pela equipe técnica do Promuse, afirma que os treinamentos são essenciais. “Recebemos essas vítimas pessoalmente e de forma presencial. A partir desse primeiro contato, iniciamos um trabalho de fiscalização e de atendimento mais estruturado, com uma atuação mais ativa junto a essas mulheres — inclusive indo até a casa delas. Muitas vezes, somos o único braço do Estado que, de fato, chega até aquela mulher e consegue prestar socorro tanto a ela quanto à sua família.”
A GCM Angelina Parron, da Patrulha Maria da Penha, destaca que o fato de as vítimas chegarem à Casa da Mulher Brasileira fragilizadas é um dos principais motivos para a prática da humanização e do acolhimento no atendimento.
“Elas chegam desorientadas, sem saber exatamente o que fazer ou a quem recorrer. Estou há dois anos na unidade e, diariamente, nos deparamos com diferentes situações. É impressionante como muitas dessas mulheres chegam em um estado emocional extremamente delicado. Por isso, buscamos constantemente nos capacitar para oferecer um atendimento cada vez mais humano e qualificado.”
A capacitação também conta com a presença de uma servidora municipal de Terenos, que irá levar o conhecimento para o município, disseminando o aprendizado adquirido na Casa da Mulher Brasileira.
#ParaTodosVerem As imagens de capa e internas são da capacitação e das entrevistadas.